Cine-mundial (1921)

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CINE-MUNDIAL Secção Luso-Brasileira O anno de 1921 e o CINE-MUNDIAL — Uma bella arvore de Natal—A notavel actriz Ethel Clayton— No Cinema “Capitol” — Uma escriptora que tambem pinta — No Cinema “Strand” — Una espirituosa resposta da actriz Mabel Julienne Scott — Comedias e dramas da Paramount — Nos Vaudevilles de Nova York. 1920 1921 O TERMINAR o anno de 1920, o CINE MUNDIAL, que se presa de ser um orgáo de conceito auctorisado no mundo da cinematographia e que conta com bastante influencia nas nacóes onde circula, continuará a diligenciar para merecer as sympathias dos paizes que falam a lingua portuguesa. O progresso, depois que terminou a guerra continúa a sua marcha preponderante! Onde ha luz, ha vida e a cinematographia é hoje em dia o melhor meio para divulgar sciencias, lettras e artes. O Brasil e Portugal e suas Colonias, sáo paizes reconhecidamente cultos, que contam com o apoio e apreco de todas as outras nações. O CINE-MUNDIAL, portanto, ao apresentar os mais cordiaes cumprimentos de boas festas com votos de prosperidade para o novo anno aos leitores d'esses dois paizes, promette proporcionar-lhes uma leitura agradavel e interessante nas suas columnas, dedicando-lhes a mesma sincera estima e consideração de sempre. Esta será a nossa linha de conducta. UMA BELLA ARVORE DE NATAL Se no Studio Lasky se realizasse uma eleição para verificar qual dos actores das comedias Mack Sennett é o mais favorito, o intelligente cachorro “Teddy”, seria indubitavelmente eleito. Não resta duvida que de todos os artistas, elle é o que conta com maior numero de admiradores. As “Bellas Banhistas” das comedias Mack Sennett organisaram uma festa de Natal em honra de “Teddy” e enfeitaram uma arvore com diversos quitutes e petiscos, dos que o vivo e sagaz cachorro mais aprecia. A hora marcada chegaram os convidados e todas as actrizes em trajes á phantasia, collocaram as dadivas em baixo da arvore, para que “Teddy” as podesse apreciar ao alcance do... focinho. ‘As actrizes julgavam que iam fazer uma surpresa a “Teddy” mas o perspicaz cachorro, em segredo, tinha sido avisado por uma d'ellas, a quem sempre fazia muitas festas. Preparou-se, portanto, para mostrar que estava na altura de corresponder áquella manifestação de affecto, com toda a distincção e amabilidade de um “actor” de merito. Quando todos menos esperavam, abriu-se a porta e “Teddy” puxando um carrinho cheio de presentes de Natal entrou na sala e começou a distribuil-os pelos artistas do Studio Lasky com demonstrações de verdadeiro enthusiasmo. Os convidados ficaram encantados com a cortezia de “Teddy”, que em troca, foi acariciado até ao fin da festa. ETHEL CLAYTON “Os dois films abaixo mencionados, dos quaes a graciosa actriz Ethel Clayton é a protagonista, vão ser brevemente traduzidos para o idioma portuguez, afim de serem enviados para a agencia da Famous PlayersLasky Corporation, no Rio de Janeiro: “Os Bons Malquerentes” (“A Lady in Love”). O effeito que um rapaz elegante e sympathico pode causar n'um convento a altas horas da noite é difficil de calcular, mas o que é ainda mais interessante, é o rapto de uma das discipulas descriptas n'esta pelicula. Penetrar n'um recinto sagrado para raptar uma formsa donzella é uma inqualificavel ousadia e as complicações que della resultam certamente hão de interessar o elemento femenino. Do sexo forte, nem falemos; a rapaziada, assim que ler esta noticia tratará de apromptar “os cobres”, para ir ver esta pelicula. (Por José Cunha) “A Escada de Mentiras” (“The Ladder of Lies”. Até que ponto chegarieis vós para garantirdes a felicidade de uma pessoa amiga? Serieis capaz de enganar e de mentir? Esta é a base do enredo d'este magnifico drama social, dos taes que agradam sempre em Portugal e no Brasil. Vale a pena ver esta pelicula, na qual, álem de Ethel Clayton, figuram os artistas Clyde Filmore, Irving Cummings, Jane Acker e Richard Sterling. NO CINEMA CAPITOL Nºeste cinema foram projectados ultimamente os seguintes films: “The North Wind’s Malice” (“A .Malicia do Vento Norte”), marca Goldwyn, com a actriz Vera Gordon que causou sensação westa bella pelicula. E um drama escripto por Rex Beach e passa-se em Alaska, a terra da neve e do gelo. Vera Gordon representou artisticamente o seu difficil papel e um dos 'ornaes que melhor critica os films americanos, exprimiu-se da seguinte forma: “O meigo sorriso de Vera Gordon parece que até derrete a neve de Alaska e portanto, não é para admirar que “derreta” os corações dos homens d'aquella região glacial. O seu trabalho não podia ser melhor”. — A orchestra composta de 120 professores executou a symphonia da opera “Poeta e Camponez” de Suppé e Mlle. Gambarelli, Doris Niles, Eugenie Claire, Gladys Waite e Marjorie Thompson, dançaram bem a “Valsa dos Patinadores” de Waldteufel. “Madame Peacock” (“A Pavóa”), marca Metro, com a celebre actriz Nazimova, que, como sempre, esteve á altura da sua reputacáo artistica. A parte melodramatica é optima e a fita é divertida.— Pela grande orchestra foi executada a “Ouverture 1812”, de Tscahikowsky. UMA ESCRIPTORA QUE TAMBEM PINTA Mas náo “pinta a manta”; pinta quadros, que teem merecido elogios de muitos criticos de arte. Queremos referir-nos a Olga Printzlau, que já escreveu 358 historias para films e muitas pecas theatraes de um acto e que ha dois annos trabalha no Studio Lasky. Olga Printzlau foi quem escreveu as partes scenicas do film’ “Conrad in Quest of his Youth” adaptado á tela do livro de Leonard Merrick. O vapel de Conrad é representado por Thomas Meighan, que na arte de pintar quadros nunca passou de um principiante, mas na arte de “pintar a manta”, tem o curso completo... “diz elle que náo”. Conrad tem de pintar o retrato da heroina, papel este que é desempenhado pela gentil actriz Kathlyn Williams, mas como Thomas Meighan só sabe “pintar o sete”, foi Olga Printzlau quem executou este difficil trabalho, com uma perfeicáo digna de nota. O elenco da fita “Conrad in Quest of his Youth”, contem os seguintes nomes favoritos do publico: Thomas Meighan, Kathlyn Williams, Mabel Van Buren, Sylvia Ashton e Charles Ogle. NO CINEMA STRAND Exhibiram-se n'este: cinema os seguintes films: “Harriet and the Piper” (“Harriet e o Musico”), marca First National, com Annita Stewart, Ward Crane e Charles Richmond. A personalidade de Annita Stewart apparece com vantagem em uma pelicula como esta. A protogonista é ultrajada por um pretendente á sua máo que náo casa com ella e annos depois salva uma amiga das “garras?” d'esse mesmo homem. Apesar do assumpto ser um pouco escabroso, a pelicula agradou.— A grande orchestra composta de 80 professores executou o “Capriccio Italien”, de Tsachaikowsky e Redferne Hallinshead cantou bem varias canções modernas. “The Devil's Garden” (“O Jardim de Satanaz”), marca: First National, com o notavel actor Lyonel Barrimore, coadjuvado por Doris Rankin e Mae McAvoy. É uma dramatica e intensa versio de um amor nascido á sombra do vicio. Lyonel Barrimore, como de costume, soube tirar partido dos rasgos caracteristicos e verdadeiramente humanos do papel que desempenhou. Quanto á parte musical, a orchestra executou brilhantemente a ouverture da “Danca das Horas”, da opera “Gioconda” do maestro Ponchielli. MABEL JULIENNE SCOTT “Qual foi o motivo da sua entrada para a cinematographia?” Heis aqui uma pergunta assaz “atrevida” para se fazer a uma actriz, náo acham? O certo é que esta pergunta foi feita a Mabel Julienne’ Scott, primeira actriz do photodrama “Behold My Wife”, adaptado 4 tela da novella “The Translation of a Savage”, escripta por Sir Gilbert Parker e que está sendo dirigida por George Melford para a Paramount. Mabel Julienne Scott foi sempre uma actriz muito bemquista na scena falada e dizia sempre que a sua unica ambicáo era continuar no palco. Agora que passou para a cinematographia, a pergunta acima referida ficou plenamente justificada. Esta actriz, que é muito espirituosa, deu ao interrogante uma reposta ao pé da lettra: “O motivo é simples”, disse ella. “A edade de uma actriz náo deixa de representar um factor importante, quer no palco, quer na tela. N'esta ultima, porém, uma actriz que queira fazer carreira tem de ser forçosamente... jovem. A actriz caracteristica é, de certo, uma importante personagem em todas as producções cinematographicas, mas está em um campo limitado, onde nunca alcançará o posto de “estrella”, que nós mais ambicionamos. E porque? Por causa da edade. A verdadeira “estrella” tem que ser. jovem. Heis aqui a prova. No palco, o publico não vê as rugas de uma actriz, mas na tela esse defeito apparece immediatamente em proporções descommunaes. O tal chamado “close up” (ampliação) faz com que a cara da actriz appareca na tela tres vezes maior do que realmente é e as rugas salientam-se de tal forma que chegan a parecer “pés de gallinha choca”. “Agora já deve saber porque passei do palco para a tela, sem passar de cavallo para burro, como se costuma dizer. Para a scena falada posso voltar quando muito bem quizer, o que não posso fazer na scena muda, que requer em primeiro logar, a juventude. Portanto, abandonei o palco, onde a juventude não é nada, para vir para a tela onde a juventude é tudo.” “E verdade que a habilidade de desemvenhar um difficil papel no palco ou na tela depende do talento da artista, mas eu confesso que álem do talento preciso estudar muito. Entranho-me de tal forma n'um papel, que depois dos ensaios vou para casa e tudo qué faço parece ser executado pela pessoa cuja vida interpreto na tela. Aconteceu-me o mesmo com o papel de Lali, a india do film “Behold My Wife”. Quando li a parte que tinha de desempenhar, comprehendi que a tarefa não era facil, mas com um pouco de boa vontade tracei na mente a imagen da india que devia interpretar na tela, com todos os movimentos e gestos d’essa raca destemida e ao mesmo tempo docil.” FEBRERO, 1921 EZ——— A A AAN AAA A A A E PÁGINA 161