Cine-mundial (1921)

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CINE-MUNDIAL Seccao Luso-Brasileira A censura ás fitas cinematographicas tornada obrigatoria por uma lei Carlos Chaplin colhido outra vez pela setta de ARAVILHOSO tem sido o rapido desenvolvimento da industria cinematographica, especialmente nos ultimos annos. Quando no seu comeco, quem ha que se náo recorde d’aquellas primeiras vistas animadas, tremulas e hesitantes parecendo receiosas do acolhimento publico? — pouca gente se convenceria, entáo, de que o futuro lhes reservava um logar conspicuo entre as maravilhas do mundo, náo só como um meio recreativo para todas as classes sociaes, mas ainda melhor como uma instituicáo educativa y instructiva. Hoje, o cinematographo apresenta ao publico, náo já a baixa comedia com que deu entrada nos proscenios dos theatros de todas as categorias, mas reproduz vivamente em quadros mimicos os maiores e mais sensacionaes dramas, as comedias alegres e desopilantes que nos fazem arrebentar a rir; e ainda o que é mais interessante, as viagens em volta do globo trazendo á presenca dos espectadores as cidades, villas e aldeias mais remotas quer de terras civilizadas ou incultas, os habitos e costumes dos seus povos, fazendo-nos, emfim, conhecer o mundo desconhecido e que só aos endinheirados e aventureiros é dado vér de perto. Tudo isto sáo causas de grande admiração e gratidáo para as massas que, d’outro modo, nunca conseguiriam levar d’este mundo para o outro os conhecimentos que adquirem em umas duas horas amenas passadas n'um cinematographo, por um custo modico. É-nos grato vér que os productores de vistas cinematographicas váo de dia para dia aperfeicoando os seus productos; Cada vez -se vêem apparecer nos “écrans” melhores pecas e representadas por artistas de cunho que as fazem realçar com suas interpretações mimicas tão claras e intelligentes que ao espectador nada passa despercebido do enredo e, por isso, este sáe do theatro tam satisfeito como se assistisse a uma representacáo no palco legitimo. Em vista da voluntaria deliberacáo dos productores para melhorarem as suas producções, dando ao publico peças de grande merito e revestidas de lições moraes, não podemos comprehender a acirrada campanha que se desenrolla por este paiz alem no intuito de sujeitar a cinematographia á censura, assim 4 laia dos paizes monarchicos do ultimo seculo, onde a imprensa estava sujeita ás leis das rolhas e ao capricho da censura dos esbirros das soberanas magestades... Para onde se encaminha a America dos nossos liberalóes que fizeram a Independencia e elaboraram a Constituicáo tornando livres o pensamento, a palavra e garantindonos a liberdade de accáo? Tiram-nos a liberdade de bebermos os famosos vinhos que eram a inspiracáo e deram fama aos mais celebres dramaturgos e artistas de que constam os annaes dos theatros; querem prohibir-nos Oo tabaco e os recreios aos domingos e dias santos; já em alguns estados não é permittido darem-se recitas e exhibirem-se vistas animadas; agora querem a censura As cinematographias, creando uma Junta de clerigos e beatas de nariz aquilino e cangado com oculos azues, para assim melhor vêrem as coisas pela côr do Ceu... Mas, façam tudo quanto quizerem os santarrões para nos tornarem insipidos os domingos e dias feriados, o que nunca poderão conseguir ainda que muito barafustem para isso, é tirar aos cinematographos a primazia de serem os centros recreativos populares; nem tampouco desanimarão os productores na sua irreductivel decisão para tornarem os seus productos melhores e mais moraes sem comtudo lhes cercearem O emocionalismo Mayo, 1921 < (Por José Dias de Escobar) que captiva o publico e lhes deixa uma impressão duradoura. Fitas americanas para a Allemanha Milton D. Heilbroner, da Bavaria, Allemanha, que se acha n'este paiz desde 19 de novembro de 1920, regressa: para o continente europeu esta semana, havendo vendido dezassete vistas animadas allemãs e comprado trinta e-cinco americanas para exhibição no seu paiz. Era representante da Munich Photoplay Company, Inc., de Munich, Bavaria. Emquanto elogiava os bellos dramas “Way Down East”, “The Four Horsemen” e SA Connecticut Yankee” in King Arthur’s Court declarando que os titulos deste ultimo eram os melhores que jamais havia visto — o sr. Heilbroner criticou as vistas americanas pela sua falta de variedade no thema e enredo, collocando a verdadeira habilidade de representar abaixo da belleza e roupa e por insistir nos finaes felizes. Por outro lado, elle achou os effeitos da illuminação nocturna nas vistas americanas “maravilhosos”. Fallando da censura ás cinematographias, elle declarou ser ridicula uma tal attitude, asseverando que ella tinha falhado na Allemanha onde primeiro foi experimentada, e que arruinaria O commercio de exportação americano n’este ramo de industria. : O sr. Heilbroner nasceu na cidade de Nova York e vive ha dezoito annos na Allemanha. Carlos Chaplin entra em scena — nao, apparece outra vez na tela da publicidade — como candidato a martyr do matrimonio, pela segunda edicáo do manual de Cupido, tendo por Diva escolhida a actriz May Collins, tambem possuidora de nomeada em cinematographia. Este facto causou grande sensação nos circulos theatraes onde os dois artistas são muito conhecidos e estimados. Como é sabido, o Carlinhos, famoso artista dos pés tortos, bengalinha de junco, côco e sotaina, bigodinho da largura do nariz e cabelleira crespa, que a toda gente faz rir a bandeiras despegadas, mas que, no dizer da sua primeira cara metade—Mildred Harris— a ella só fazia chorar..., € por esta divorciado recentemente, é na verdade um dos comicos mais interessantes € habeis que se exhibem nas telas dos cinematographos do mundo; por isso, nos causou surpreza que elle, depois de uma licáo ná hexitasse metterse n’outra tam cedo. Diz o rifáo popular: santo de casa náo faz milagres, portanto O novo casamento de Carlinhos traz comsigo a anciedade de que May Collins ou ha de rir-se comnosco das diatribes do seu maridinho famigerado ou terá de chorar comsigo só, pois não terá a nossa sympathia se não souber appreciar a graça histrionica do seu Carlinhos. ‘ May Collins é muito joven ainda, bonita e já alcancou fama como artista mimica; se fará uma boa companheira para O Seu Carlinhos eis o «que náo podemos vaticinar. Dizia Mildred Harris, a primeira consorte do Carlinhos, que este se preoccupava mais com a sua arte e no engenho de novas comedias do que das amenidades do lar domestico; preferindo antes divagar pelos campos e ruas desertas, nas horas matutinas, a estar no leito conjugal acariciando a esposa como fazem todos os maridos que sabem amar €... padecer. O ultimo successo do Carlinhos, em que mais o appreciámos, foi a sua pellicula recente que arrasta enchentes á cunha — “The Kid”. Esta peca é extraordinaria e de grande L do Estado de Nova York — Fitas americanas para a Allemanha — upido — Realisacáo de um sonho dourado — Diversas noticias. sensação, porque n'ella se manifesta um genero novo, uma novidade, por assim dizer, para quem esta acostumado a vér o Carlinhos jogar pasteis 4 cara dos seus comparsas, havendo n'esta peca alguma cousa de sentimentalidade e moral raras no repertorio de Chaplin. Realisação de um sonho Com a exhibição no theatro Lyric, do drama “The Queen of Sheba”, realisa-se o sonho dourado de Betty Blythe, uma novel actriz que ha tres annos se sujeitou ás maiores privações no intuito de alcançar sua estreia nas telas do Broadway, esse centro theatral de fama universal cujos palcos e telas são a aspiração sacrosanta das Divas. Miss Blythe veiu da California para o Broadway, conforme ambicionava, preferindo fazer a sua estreia nas telas em vez de fazer carreira simplesmente como uma obscura corista ou comparsa em uma comphanhia dramatica ambulante. Ella havia representado a parte de “Maledicencia” na producção de Morris Gest — “Experiencia”, e outros papeis pequenos, mas não tinha feito cousa alguma de bastante merito que impuzesse a sua personalidade nas platéas do Broadway. Foi então que ella resolveu regressar 4 sua terra por algum tempo, indo para Los Angeles onde tem a sua residencia, e planear a sua estreia triumphal nas telas do Broadway e satisfazer assim o desejo ardente de se ver representando, annunciada em lettras de luz irradiante e ovacionada por uma pleiade de admiradores como qualquer das outras “estrellas” que por ali brilham de vez em quando, sem maiores meritos do que ella, mas mais felizes na escolha dos seus agentes de publicidade. Pouco antes de sahir da California para Nova York, com o fim de assistir á estreia, da sua grande fita, em que ella desempenha o papel principal, dizia ella a um reporter: “Quero ver o Broadway mais uma vez. Não ha muito tempo que eu declarava muito vehementemente não me importar com o que succedesse ao Broadway, porque este não parecia importar-se comigo. Porem já mudei de parecer. Estou muito anciosa por ver outra vez o Broadway.” Escolhida de entre 850 pretendentes ao papel de representar na tela a mulher mais linda da historia, em um drama de amor, Miss Blythe sente-se naturalmente orgulhosa do seu successo. J. Gordon Edwards, o director da companhia Fox, veiu a Nova York expressamente paar procurar uma mulher que tivesse habilidade para interpretar a protagonista do drama “A Rainha de Sheba”. Passou semanas na sua busca, e quando acabou disse ao sr. Fox que náo havia encontrado em Nova York ninguem que o fizesse mudar de parecer com respeito ás aptidões de uma Miss Blythe rigosijava-se de haver afinal conseguiAngeles e que estava certo de que faria uma Sheba ideal. De modo que elle voltou para a California e dentro de poucos dias Miss Blythe rigosijavase de haver afinal conseguido realisar o seu sonho dourado por meio do cinematographo. O motivo principal da sua escolha, certamente, foi a sua face e figura. Mas havia outros predicados necessarios e Miss Blythe teve de demonstrar a sua habilidade em muitos sentidos. F Miss Blythe disse: “Vejo na “Rainha de Sheba” uma grande mulher da historia, fóra do seu tempo, quasi moderna; um d’aquelles caracteres salientes que combinam gentileza feminina com quasi forca masculina de desti > PÁGINA 356