Cine-mundial (1920)

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C I X E M U X DIAL Crónica de Portugal Mais um ano que fínda. . . — Resumo do ano. — Algumas horas no Studio da "Invicta-Film" do Porto. — Projectos da "Invicla". — "O Commissario de Policía". — "Quando o amor fala". — A nova fírma Sancho Lda. — Modifica^oes nos cinemas de Lisboa. — O invernó e os teatros. — Nota Solta. M.AIS um ano está prestes a chegar ao seu terniinus e, como sempre todas as nossas esperan(;as agora vao para o ano que em breve vae comecar. O que será ele respeitante a cineniatografia, que novidades ou desilusoes nos esperaní? Puro inigma. Nao obstante ha projectos varios, elaborados ñas ultimas semanas do ano qu evae terminar e cuja realiza^ao, é de esperar, déla caiba as honras a 1920. * * * 1919. Nao foi ele táo banal, como á primeira vista pode parecer. Transforniaram-se ideias velhas, surgiram novidades. trouxe-se para o cinema novos apreciadores, que, até entao, haviam acolhido com pouco entusiasmo a nova arte. O ramerrao passou á galeria das cousas velhas e em toda a gente come^ou a haver um certo amor pela cinematografía. Do pouco que se fez, algum bom resultado se obteve e recapitulando vemos a inser^ao de films americanos nos programas, em grande profusao, o estabelecimento da agencia da Companhia Cinematográfica de Portugal em Broadway, a produ^ao da Invicta-Film, modifica^oes nos interiores de deis dos principaes cinemas, tornando-os mais confortaveis e mais modernos ; f unda^So da **Sancho-Lda." em Faro, emfim um punhado de iniciativas as quaes é justo serem aplaudidas, porque demonstram a vontade de se come^ar em Portugal alguma cousa do muito que é necessario fazer. E se sempre fomos combatentes a favor desse desenvolvimento, mais grata essa nossa tarefa se tornará, desejosos, como estamos, de que esse entusiasmo nao esfrie. « * * DEZ da manhá. O carro rodou pelas rúas da cidade do Porto, em dire^ao á Uua da Prelada. O caminho parecía imensamente longo e a velocidade do auto era diminuta, para poder satisfazer os nossos descjos. E caminhando sempre, avistamos com certa alegria, lá longe, ainda, um longo telhado de vidrio. Era ali, certamente, o "studio" da Invicta. Como seriam as inst alances, o seu aperfei^oamento, a disposi^ao dos ateliers e laboratorios, aonde dentro em pouco se conservaría diariamente um batalhao de gente, numa azafema crecente de entusiasmo? O que seria tudo aquilo. comparado com os grandes "studios" de New York, Los Angeles, París ou Roma? Era o que nos restava saber e parec!a-nos nao mais lá. chegar. Dobrada a esquina da Uua da Prelada, eis que se nos depara, com toda a sua monstruosidade, dois soberbos edificios. A portao abre-se e dele surge o sr. Henrique Alegria, director-artístico, que nos espera. Com a sua costumada amabilidade, faz-nos entrar no edificio destinado .IOS escritorios e laboratorios. Ampia edifica(^ao de dois andares, fresco ainda da mao dos estucadores, nele vamos as salas para os laboratorios. Revelagem, lava , pem, secagem, typografía, sala de projec<;ao, emfim urna enormidade, cujos nomes todos nos nao ocorrem. Técnicamente dispostas as referidas salas, o film, depoís de ímpressionado no "studio", passa dumas Enero, 1920 < (De nuestro representante-corresponsal) salas ás outras, descrevendo um semicírculo no seu trajecto, passando depois ao andar superior, para ser devidamente terminado. Obedecen a um grande plano, equal na sua orientavao, ao dos melhores laboratorios extrangeiros, garantindo assim uma grande perfei^ao no trabalho e método da sua labora^áo. Tudo foi executado amplamente de modo a poder, mais tarde, adaptar-se ao dobro ou triplo da produ^ao e que, dentro de alguns mezes se vae intensificar. Passemos agora ao "studio" e entao ali dentro, vemos a ímensidade daquela casa de vidro que, segundo o projecto devia ser o dobro e será, no momento em que se possa obter o material necessario, poís o aumento de produ^ao assim o vae requerer. A perfei?áo em tudo, é completa, procedendo-se á edifica^áo dos camarins para artistas e comparsas, deposito de movéis e scenarios, etc. Tudo ficará com conforto e modernismo, e grandioso para uní paíz, como este, no cometo da sua produ^ao, cinematográfica. E é assim lamber que o temos julgádo, porque só com um certo arrojo, se deve come^ar, a bem da empreza e para garantía do futuro, que ha-de ser grande. SURGE-NOS depois a ideia de preguntar, quaes os planos da Invicta para futuro. Responde-nos o sr. Henrique Alegria. — Terminados como estáo já os dois films "O Comissario de Policía" e "Quando o amor fala. . .", a Invicta parará com a sua produ?ao. Mr. George Pallu, o nosso enscenador, prepara-se para seguir para Paris, a fim de trazer consigo todo o pessoal necessario para guarnecer as fileiras do novo studio e laboratorios. Distribuido esse pessoal e completas as obras, a Invicta come^ará entao a sua actívidade máxima. Contamos com bons elementos extrangeiros que viráo aperfei^oar os nossos operarios, de modo a termos todos os elementos necessarios para guarantir dentro em pouco uma excelente produ^ao. — E quando filmaráo as "Pupilas do Sr. Reitor" de Julio Diniz? — Sobre esse assunto, devo-lhe responder, que é provavel nao seja editada por nos. Uma outra casa productora se antecipára e os direitos foram a ela dados. No entanto, como sabe, essa empreza acabou, mas. nos temos obras de sobejo para filmar, na vasta galeria literaria do nosso paíz. — E os "Pidalgos da casa Mourisca"? — Estamos esperanzados em que o actor Brazáo nos nao faltará para desempenhar o papel de fidalgo e para a por em scena. estamos já tratando, com todo o rigor, dos seus scenarios. Comquanto adaptada á cínematografia, será uma reconstru^ao fiel daquela ¿poca. Como viu na carpintaria, algumas portas e janelas havia já feitas. — E quaes os demais artistas que a interpretaráor — Nada aínda está assente, no entanto talvez alguns deles sejam, Ignacio Peixo■to, Erico Braga, Etelvina Serra. — E todos estes films serao exibidos no extrangeiro? — Certamente. Temos um contracto com a casa Pathé de Paris, a quem demos a concessáo para o extrangeiro, excepto o Brazil de que é concessionario o sr. Carlos Lopes. Desta forma e em vista das muitas sucursaes e agencias de que dispoe a casa Pathé, em todo o mundo seráo projectados os films da Invicta. — E ha já mais algum romance em prespectiva? — Sim. O "Amor de Perdigao" de Camilo, e os "Torturados" de Sousa Rocha, que se seguiráo. — Apenas como uma pequeña nota para os nossos leitores. Teem tido dificultades para obter o consentimento de proprietarios de quintas ou chalets para filmar exteriores? — Alguma. Quasí todos julgam que Ihes vamos desarrumar a casa, nao obstante outros teem sido uma grande amabilidade, franqueando as suas portsas. E os (jue nao teem cedido até agora, é, talvez por se lembrarem dum caso sucedido ha tempo em que uns gatunos se apresentaram para filmar urna scena de remo^áo de movéis duma casa e os movéis desaparecerán! definitivamente, como por encanto. Mas isto foi só para contar esta anedocta. De resto, em todos os nossos amigos, temos visto a maior bóo vontade. E agora que sao horas de atender ao expediente, fica o meu amigo convidado a asstir ámanhá de manhá, a uma passagem de prova dos films "O Commissario de Policía" e "Quando o amor fala". . . Despedímo-nos, agradecendo ao ilustre director-artístico a amabilidade do convite. * « « RECITA em familia. Ao nosso lado o sr. Henrique Alegria. A' frente María d'Oliveira e Mr. George Pallu. Mais ao lado o sr. Carlos Lopes. E nessa doce intimidade, come^ou a desenrolar de O Commissario de Policía, extraída da celebre comedia de Gervasio Lobato, ela nao perdeu nada da sua gra^a nem do seu encanto. Rafael Marques fez, no protagonista da pega a sua estreía cinematográfica e houve-se como um grande artista, que o é, já, no palco. Com todo o seu costumado saber evidenciou-se egualmente Casimiro Tristáo assim como María d'Oliveira, que foi correcta no desempenho do seu papel. Os demais nao desmancharam o conjunto, comquanto dois muito fracos. A mise-en-scene bóo, notando-se um certo bom gosto no armar das scenas, sem cahír no genero pesado de mobiliarios. Efeitos de luz, alguns acertados e nao mais, pela carencia de luz artificial. Exteriores de gosto mas em certas scenas, sol em demasía. Interpretado tambem por Rafael MarMaría Campos, passou-se a comedia z ques, Duarte Silva, María d'Oliveira e María Campos, passou-se a comedia "Quando o amor fala. . . " que é interessante pelo seu entrecho. Nesta, foÍ felicissiraa a escolha de exteriores, luz, artistas e tudo. E* um verdadeiro mimo de arte, essa interessante comedia. E apresentando os nossos agradecímentos, pela amabilidade de que tinhamos sido alvo, depedimo-nos, para breves horas de > PÁGINA 139