Cine-mundial (1920)

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CINE-MUNDIAL Chronica de Sao Paulo Conversando com Salvador Greco, novo gerente da empreza Claude Darlot en S. Paulo. — Novas exclusividades. — Actos e Fa los. — Galo por lebre. — A falta de seriedade de alguns importadores. — A Sociedade dos Exhibidores. — No Rio de Janeiro. — Tom Mix. — Pearl White. — Nos Theatros. — Operetas italianas e portuguezas. TINHAMÜS promettido acceder aos repetidos convites do nosso particular amigo Snr. Salvador Greco para que verificassemos "de visu", as transpliormacoes — e porque nao?^ — o embellezamento por que está passando a Agencia em que cuja testa se encontra, mas, bem a contra gosto, por motivos excusos aos nossos Icitores adiamos de tempe em tempo a promettida.... promesa. Finalmente agora resolvemos enveredar pelo bom eacaminho e cumprir com a palavra dada, tanto mais por se tratar cíum cavalheiro distincto e perfeito como Salvador Greco. Encontramol-o, pois, á rúa Victoria 62, sede da Agencia Darlot, muito entretido na escolha de certos pannos para algunos reposteiros do seu elegante escriptorio. . . . — Ola, "seu" Pedro, é o senhor mesmo? (Abramos parenthesys: Salvador Greco conhecenos. ... de fama, sabe que somos amigos de seus amigos e representantes "enragés" da CINE-MUNDIAL: nunca nos vio. ... de perto!). Procuramos significar com um sorriso a nossa resposta affirmativa e tivemos o prazer de apanhar um luminoso olliar de contentamente nos olhos húmidos do bom Salvador. . . . — Vim aquí para desobrigar-me da sua gentileza, caro amigo: os afazeres, a "Cine", o calor e tantas cousas mais, fizeram-nie esquecer o tinir do telepbone. quero dizer, o seu convite. . . . Estou aqui, no entanto. Vejamos. Interrompem a apresen tat^'ao. — S a m clientes de S. Paulo e do Interior qin procuran! o Snr. Greco para contractos, na conta. ... O carpinteiro e o tapiceiro, confabulan! rumorosamente acerca do trabalho a fazer e. com entradas. . . francas, proprias da gente rude, interpellam ao digno Gerente da Empreza Darlot, emquanto elle conversa seriamente com os seus freguezes. Resignamo-nos. . . Salvador Greco-, apanhado entre dois fogos de fila, percebe o nosso desapontamento e. . . numa solu^ao de continuidade, acena-nos a porta do seu elegante "gabinete", proferindo algumas palavras de desculpa e. . . paciencia. Entramos. É aquí a "sala de visita", desta formidavel Agencia de films: elegante gabinete, repetimos, pois a verdadeira "prívate" do amigo Salvador, achase allí, a dois passos deste: é o seu receptáculo de trabalho. Admiramos ñas paredes, alguns -grandes quadros artísticos, com o retrato de Pina Menichelli e Francisca Bertini (heranta da antiga Empreza) e, passada a contempla^ao. . . invadenos o cansado. I.á fora, continua a conversa entre clientes, gerente, empregados de escriptorio e carpinteiros. — Fa^a o favor de esperar mais um bocadodiz-nos de relance Salvador Greco, nao contava com ísso. . . Eniquanto nos preparamos para urna cortez resposta, ouvimos a voz bem conhecida do Snr. Salgado. Gerente da Cía. Cinematographica lirazíleira, plasmando os cumprímentos de estylo para o seu collega da Darlot. "Partie remise", pensamos reevocando a Xavier de Montepin: amigo Caruggi, nao será desta vez que entrevistarás o Salvador Greco. . . Puro engaño. O rubicundo e calmo Gerente da Agencia Geral Cínematographíca, conseguindo des Abril, 1920 < — vencilhar-se dos seus afazeres, entra como um bolíde na pequeña sala eni que me acho, arrastando comsigo a figura sympathica e magra do Snr. Salgado. Velbos conhecidos, nao perdemos com este senáo o tempo necessario para um aperto de máo. Eis-nos emfim todos. . . sentados. — V. nao imagina, amigo Caruggí, como sínto tel-o deíxado esperar. . . Julgava conceder-lhe com absoluto socego esta hora de conversa e ahí está o que acontece. . . Nao posso contar com nada, nao sou senhor do meu tempo: V. me desculpa, sim? — Vae outro sorriso... — Caro amigo, retrucamos, ha sempre tempo para conversas... a fiado; partilho da sua actividade e aipprovo-a íncondicionalmente. — Esta cinematographia, esta cinemato a edade apenas de 9 anuos... (Eu e Salvador Greco estamos mais ou menos ñas mesmas condic^oes: mais um motivo para que elle nos preste todo o valor da sua eloquencía. . .) Desde a minha chegada aquí dediquei-me ao commercio, onde nada conseguí. Como os annos se passaram e mal despontou no horizonte a possibilídade da industria dos films nesta generosa térra, fui chamado por Angelo Stamile, para fazer parte da sua Empreza. Tenho trabalhado muito com esse precursor do actual progresso cinematographico no Brazil e me tenho esforzado para que mais rápidamente se conseguisse esse ideal. Depoís, com a forma<;ao da "poderosa" Cía. Cínematographíca Brazileira (o Snr. Salgado sorrí. . . e approva). lid MP ^^^Hl ^ w) w rj_B|^ -SfT'?-. ^fc i, ^9tk ^ V "STf jm \_ Pessoal da Agencia Cinematographica Claude Darlot — Departamento de Sao Paulo. graphía! — exclama Salvador Greco — todo o mundo pensa ser a cousa mais fácil e menos trabalhosa do universo, tem-n'a em conta duiu eldorado, com todos os seus vicios e deleites, mas nao reflicte um instante sobre a complexidade do servido, sobre a meticulosa exigencia de attengáo para que a engranagem funccíone regularmente. . . — Deixamos passar o desabafo de nosso gordo amigo e, sem mais demora, abordamos... o asumpto: — Antes de visitar a sua Agencia, desejo alguns esclarecimentos sobre a sua pessoa, caro Salvador: o bastante para alguns apontamentos. . . Revelamos a nossa emboscada nos maliciosos e húmidos do bom amigo que, comprehendendo, responde: nada de entrevistas, Caruggí, sou inimigo dos elogios. . . E, reprimindo-se, accrescentou: nao é de meu gosto. . . Nao procuramos justíficar-nos, pois Salvador Greco bem sabe que conta com a nossa amzade, simplesmente. Um olhar é sufficiente para que elle abra. . . os seus botoes: — Nascí na forte térra calabreza, amigo Caruggí, e mais propriamente em Intavolata, provincia de Cosenza, em 3 de Outubro de 1878 e vim para o Brazil com assumí o cargo de Gerente da Secgao de Films do Rio, tendo conservado o meu posto durante cinco annos, findos os quaes chamou-me o Serrador, para a sua Brazíl-Cínematographíca. . . Mais dois annos passeí nessa outra Empreza, até que finaln!ente, o Sestiní vende a sua Agencia para o dr. Darlot. . . Numa palavra, estou aquí em S. Paulo, pela confianza deste. Salvador Greco pretendeu ter-nos dito tudo. . . Fallamos; — Si nao é índiscre^ao, perguntamos, desejariamos saber algo a respeito do estado em que o amigo encontrou a Agencia. . . Deante desta pergunta inesperada e. . . perigosa, Salvador Greco reflicte um instante, para dizer-nos com forte convicíj-ao: V. comprehende que tudo neste mundo se transphorma de mal para bem ou de bem para mal, embora muitos discordem dum axioa que elles tratam de aphorisma. . . Claro está pois que estou procurando dar á Agencia um novo rumo, de accórdo com os planos que me foram trabados pelo Dr. Darlot e com o auxilio da minha fraca competencia. . . É minha inten^ao tornal-a cada vez mais importante: comtudo, nao posso deixar de reconhecer a obra perfeita do meu antecessor, que tudo fez em proporgao dos seus meios. , . (Es > PÁGINA 424